sábado, 25 de março de 2017

PUBLICAÇÃO DE REVISTA HISTÓRICA




Dia 29 de março de 2017, comemoramos 115 anos do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte - IHGRN, Nessa ocasião faremos o lançamento fac-similar da Revista publicada em 1917 sobre a Revolução pernambucana e o arcabuzamento do Padre Miguelinho, mártir potiguar. Serão apenas 200 exemplares, carimbados, numerados e assinados. UMA REVISTA PARA COLECIONADORES DE GRANDES OBRAS.




quinta-feira, 9 de março de 2017

HOMENAGEM AOS QUE FORAM PROFESSORES


PROFESSOR RUY MIRANDA (Padre Ruy Miranda)
Por Gerinaldo Moura da Silva

Ruy Miranda nasceu em Taipu, no dia 12 (doze) de abril de 1928. Seus pais eram José Arruda de Miranda e Maria Furtado de Miranda. Em 1932, a família do futuro professor e padre Ruy Miranda estão estabelecidos na antiga cidade Baixa Verde, hoje, João Câmara (RN).
Foi nessa cidade, que o Ruy Miranda iniciou seus estudos preliminares, no tradicional Grupo escolar “Capitão José da Penha”.



Sob os cuidados do então Cônego Manoel Tavares de Araújo (depois Bispo de Caicó e Arcebispo do Rio Grande do Norte), matriculou-se no Pré-Seminário, no ano de 1941. No ano seguinte, entrou para o Seminário de São Pedro, onde cursou o Primário e concluiu o Segundo Grau no ano de 1947.
Em 1948, Ruy Miranda entrou para o Seminário Maior de Fortaleza, localizado na Prainha, onde colou grau em Teologia, graduando-se também em Filosofia no ano de 1953.

Voltou ao Rio Grande do Norte, e no dia 15 de novembro de 1953 foi ordenado pelo então Bispo Metropolitano D. Marcolino Esmeraldo de Souza Dantas, na Catedral de Nossa Senhora da Apresentação, e no dia 21 de novembro, 06 (seis) dias após sua ordenação, celebrou a primeira Missa em Natal, dentro das comemorações do Bicentenário de Fundação da Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação.

Logo depois, foi nomeado Vigário Coadjutor da Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação, de onde saiu para o Vicariato das paróquias de Nísia Floresta (RN) e Arês (RN), onde permaneceu até o dia 04(quatro) de fevereiro de 1956, quando assumiu, ainda muito jovem, a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Ceará-Mirim, permanecendo até sua morte.

Assim como foi o responsável pelas reformas das antigas igrejas de Arês e Nísia Floresta, Padre Ruy Miranda, também fez reformas na Matriz de Nossa Senhora da Conceição, iniciando pelas torres góticas, que eram revestidas de um cimento colorido com faixas de cimento branco, mandando revesti-las com a cerâmica que permanece até os dias atuais, isso no ano de 1957, 01 (um) ano após sua chegada à cidade do verde vale.

Outra grande obra foi a mudança da cobertura da Matriz, na nave central, quando o então prefeito Edgar de Gouveia Varela e a senhora Ednólia Melo fizeram a doação das telhas de amianto, substituindo o telhado antigo, no ano de 1978, além de fazer o revestimento em mármore de toda faixada interior do templo, e na área externa, pedras decorativas, passando para a casa paroquial e sacristia.

Seu sacerdócio também foi destaque na área da Educação. Chegando a Ceará-Mirim, quando recebeu do Governador Aluízio Alves a incumbência de dirigir o a nova escola que estava sendo construída em Ceará-Mirim, o antigo Ginásio Industrial de Ceará-Mirim, hoje, Escola Estadual Monsenhor Celso Cicco, onde também se destacou como professor de língua inglesa, permanecendo como diretor por 20 (vinte) anos, sendo substituído pelo professor Iran Rodrigues Costa, que foi o primeiro diretor eleito.


Em 1957, para atender à demanda das crianças da educação infantil e curso primário, ele fundou o Instituto Imaculada Conceição, que funcionou durante muitos anos conveniado ao Governo do Estado, Companhia Açucareira Vale do São Francisco e Prefeitura Municipal de Ceará-Mirim, dentre outros vários convênios assinados com instituições dentro e fora do país, bem como com o Governo Federal.
Padre Ruy Miranda tinha uma visão de futuro, e procurou por todos os meios, dotar nossa cidade de uma estrutura educacional que atendesse à todas as faixas etárias escolares. Pensando assim, ele também fundou o Ginásio Comercial Básico de Ceará-Mirim, destinado inicialmente à educação básica masculina, inexistente na cidade.

Reunindo um grupo de 70 (setenta) senhoras, Padre Ruy fundou a Creche Menino Jesus, que dava assistência às crianças carentes do Bairro Nova Descoberta, sendo mantida senhoras/madrinhas, conveniando-se depois com a LBA – Legião Brasileira de Assistência, através de sua presidente senhora Edinólia Melo.

Monsenhor Ruy Miranda também assumiu o cargo de Secretário Municipal de Educação, durante a gestão do prefeito Ruy Pereira Júnior, realizando nessa época um comodato com a Irmã Regina Pacis, que passava para o município o prédio centenário do antigo Ginásio Santa Águeda, para sediar a secretaria de Educação do Município, tendo sido o responsável pela implantação de reformas em favor dos professores, bem como das leis trabalhistas em vigor.



Cônego Ruy Miranda também foi responsável pela fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ceará-Mirim, Taipu e Maxaranguape, aparelhando-o com consultórios médico e dentário para atender aos trabalhadores e suas famílias.
Padre Ruy foi responsável pela implantação de um projeto rural em 1992, através do FCBIA, para desenvolver atividades agrícolas junto aos alunos do Curso técnico Agrícola bem como dos alunos carentes.

Durante muitos anos, criou e manteve a Banda de Música Paroquial, que tinha como seu maestro o Tenente Djalma Ribeiro da Silva.
Padre Ruy Miranda também coordenou as mudanças do Estatuto da Juventude Feminina Católica Cearamirinense, que encampou a criação do Centro Social Leci Câmara, órgão mantenedor do Abrigo São Vicente de Paula.
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segunda-feira, 6 de março de 2017

A REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA



Por: CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES

Desde a expulsão dos holandeses em 1654 ficou latente um ideal nativista movido pela repulsa à discriminação dos portugueses em favor dos seus patrícios, agravada com as dificuldades oriundas de uma grande seca em 1816, gerando o contraste de uma exacerbação tributária e a escassez de mercantilização da produção do açúcar e do algodão e consequente período de miséria da população. Pernambuco teve papel de destaque no movimento, pela sua pujança econômica, ganhando o epíteto de “Leão do Norte”.

Esse descontentamento foi acrescido devido ao surgimento de ideais libertários advindos da Revolução Francesa e da Independência dos Estados Unidos frente à Inglaterra, despertando igual aspiração na América latina, caracterizada pelos desencontros na convivência entre os nativos e os reinóis.

Foi fundamental o evidente espírito eclesiástico então desenvolvido com a criação do Seminário Episcopal de Olinda, composto de intelectuais de profunda formação filosófica e política que levou a constituição de sociedades secretas, a partir da loja Areópago de Itambé, da Academia do Cabo e outras, máxime quando em 1814 foi fundada a Loja Maçônica Patriotismo, agregando Padres de grande valor, dentre os quais o potiguar Padre Miguelinho (Miguel Joaquim de Almeida e Castro), Frei Caneca (Joaquim do Amor Divino Rabelo) e, ainda, os Padres José Inácio de Abreu e Lima (Roma) – sumariamente fuzilado a mando do Conde dos Arcos quando tentava conquistar adeptos em Salvador, Deão Bernardo Luiz Ferreira e João Ribeiro Pessoa. A rebeldia contou em Pernambuco com cerca de 50 Padres e 5 Frades, daí ser conhecida, também, como Revolução dos Padres ou Revolução dos Letrados.


O movimento emancipatório estava em cogitação para eclodir em 8 de abril com o trabalho de algumas pessoas da região, como o comerciante Domingos José Martins, oriundo da Bahia, educado na Inglaterra e com a missão de estimular a criação de lojas da Maçonaria, Domingos Teotônio Jorge, Antonio José da Cruz (o Cabugá), José de Barros Lima (o Leão Coroado) e seu genro José Mariano de Albuquerque, José Luiz de Mendonça, Antonio Carlos de Andrada, Vicente dos Guimarães Peixoto e José Maria Vasconcelos Bourbon quando, em 6 de março, foi precipitada a rebelião face a uma ordem do Governo de Pernambuco em 1817, a cargo do Marechal José Roberto e do Brigadeiro Manuel Joaquim Barbosa de Castro para efetuar a prisão dos referidos revoltosos, no que este, ao tentar prender José de Barros Lima, foi pelo mesmo atravessado com sua espada. Nova investida foi ordenada pelo Governador através do Ten.Cel. Alexandre Tomás, que também tombou morto, provocando a fuga do Governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro, escondendo-se no Forte do Brum, depois de um grande confronto, dando início à revolta.

Foi organizado em 7 de março um governo provisório composto de 5 nomes, com representatividade das classes que apoiaram o movimento, tendo por Governador o Capitão Domingos Teotônio, representando o Exército, com apoio do Padre João Ribeiro Pessoa, representando o Clero, José Luiz de Mendonça, representando a Justiça e que redigiu um manifesto justificando a revolução, Domingos José Martins, pelo Comércio, Manoel Correa de Araújo, representando a Agricultura como, também, a participação de outras pessoas das classes produtoras, da magistratura, e homens considerados socialmente importantes. A posse ocorreu no dia 9 de março.


O Padre Miguelinho ficou como Secretário de Interior, mercê da sua grande capacidade de redigir documentos, coragem, poder de oratória, atributos consolidados com o seu trabalho de Professor de Teologia.

Miguelinho pertenceu à Ordem Carmelita da Reforma, onde tomou o nome de Frei Miguel de São Bonifácio. Contudo, pela diversidade de seus trabalhos, conseguiu do Papa Pio VII a secularização e ficou conhecido como Padre Miguelinho, haja vista ser um homem de pequena estatura física em contraste com o seu gigantismo de patriota.

O governo provisório buscou apoio dos estados mais próximos da região Norte e Nordeste, e também de outras Nações com resultados pouco frutíferos em razão da pressão das forças militares portugueses, e pela falta de apoio popular. A Bahia sucumbiu logo.

Foi criada uma bandeira na cor azul e branca, meio a meio, com o arco Iris, o sol e a cruz. Há controvérsias sobre a estrela colocada. Para uns foram 3, representando os Estados que aderiram (Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte). Mas outros Estados também se sublevaram, como Alagoas, Bahia e possivelmente contando com a simpatia do Ceará. O mais provável é que a bandeira preponderante foi criada com uma única estrela representando Pernambuco.


Para complementar o Governo, em 19 de março foi escolhido um Conselho ou Junta com mais 5 membros, composta do Ouvidor Antonio Carlos Ribeiro de Andrada, o lexicógrafo Antônio de Morais Silva, o vigário-geral do bispado Deão Bernardo, o português Manuel José Pereira Caldas e o rico comerciante Gervásio Pires Ferreira.

No dia 18 de maio houve uma debandada dos revoltosos, ficando Teotônio Jorge como líder único, o qual no dia seguinte foi obrigado a também refugiar-se no Engenho Paulista.

Em 20 de maio Recife capitulou. O governo provisório durou 75 dias, sendo que alguns líderes, como Teotônio Jorge, Padre Souza Tenório, Antônio Henriques, Padre Roma e José de Barros Lima, foram capturados e condenados à morte. O Padre João Ribeiro suicidou-se. O Padre Miguelinho foi condenado e executado na Bahia. Outros, como Antônio Carlos, Pedro Ivo e mais cem revoltosos também foram sacrificados, culminando com o fim da Revolução Pernambucana, que se caracterizou pela revolta popular em busca do poder e por ser o último movimento revolucionário antes da Independência do Brasil, em 1822.

Frei Caneca foi preso e depois solto, participando do movimento da independência de 1822, depois na República da Confederação do Equador em 1824 até ser condenado à morte em 13 de janeiro de 1825, dando exemplo de valor e coragem



No nosso Estado, diante dos rumores de simpatias ao movimento pernambucano, o então Governador José Inácio Borges, pessoa reconhecida como de espírito culto, em 11 de março decidiu ter um encontro com o Coronel da Cavalaria Miliciana e grande proprietário de engenhos André de Albuquerque Maranhão no Engenho Belém (de propriedade de Luiz Albuquerque), até então seu aliado e em outro lugar próximo de Papary (Nísia Floresta) e depois com passagem pelos Engenhos Cunhaú, de André de Albuquerque, em Goianinha e Estivas de outro Andre, primo do primeiro tentando reforçar a reação aos revoltosos, mas não recebendo apoio para tal mister.

Após isso, movido por repreensão do Padre João Damasceno, André foi movido a dar ordem de prisão ao Governador. Era o dia 28 de março e André de Albuquerque assumia o Governo Provisório no dia 29, se instalando no prédio da Provedoria da Fazenda (hoje Memorial Câmara Cascudo).


Para garantir a sublevação contra a Coroa, o novo Governador contava com pessoas de grande influência como os Padres João Damasceno Xavier Carneiro e Antônio de Albuquerque Montenegro, Feliciano José Dornelles e dos membros dos núcleos de Martins, Portalegre e Apodi, os quais também instalaram seus governos republicanos no período entre 10 e 19 de maio.

Em verdade, a força maior que encorajou a instalação do Governo Republicano no Rio Grande do Norte foi a seleção de 16 oficiais de milícia, alguns parentes do novo mandatário e outros vindos da Paraíba, liderados pelo jovem miliciano Coronel José Peregrino Xavier de Carvalho, a quem alguns historiadores se referem como mártir revolucionário potiguar, considerada pessoa simpática e heroica, verdadeiro guarda de confiança, tanto que, ao ser convocado no dia 24 a retornar à Paraíba houve um fato de a Matriz de Nossa Senhora da Apresentação tocar 9 badaladas, que era a senha para uma contra revolta e a retomada do poder, deixando sem proteção o então governante.

André estava no palácio despachando quando foi surpreendido no dia 25 de abril por um grupo que vinha destituí-lo. Nesse momento recebeu uma perfuração com um sabre e foi conduzido preso para o Forte dos Reis Magos, onde veio a falecer no dia seguinte (26). Atribui-se, pelo dizer do próprio, que o gesto mortal partiu do cadete português Antônio José Leite de Pinho, embora ventilado pelo povo como o crime tenha sido perpetrado por Francisco Felipe da Fonseca Pinto.


Muitos correligionários negaram a participação e até houve negativa à revolta e ainda quem tramava contra ela, caso do Padre Feliciano José Dorneles, que foi membro do Governo Provisório, mas resolver mudar de lado, enquanto outros eram perseguidos como o Padre Pinto (Manuel Pinto de Castro), irmão de Miguelinho e duas mulheres, possivelmente as primeiras presas políticas da nossa história pátria, Bárbara de Alencar, de ilustre família cearense e Clara Joaquina de Almeida Castro, esta também irmã de Miguelinho.

Registra-se, com o acontecimento fatídico, gestos marcantes na história, quando a Senhora Ritinha Coelho, num gesto de respeito, manda que parasse o séquito que conduzia o corpo do Governador deposto e sobre o cadáver coloca uma esteira nova para servir de mortalha. O Padre Simão Judas Tadeu faz a encomendação, mas o miliciano João Alves do Quental, em pleno templo, tripudiou do corpo inerte, ficando sobre ele com esporas. O sepultamento aconteceu na Igreja Matriz, hoje a Catedral de Nossa Senhora da Apresentação.

Terminara assim o efêmero governo republicano no Estado do Rio Grande do Norte, deixando rastros de heroísmo e espírito cívico a par de outros nem tanto lisonjeiros.

REFERÊNCIAS:

CÂMARA CASCUDO, Luis. História do Rio Grande do Norte, 2ª Ed.FJA, 1984/ 134 az 140.
CASSIMIRO JÚNIOR. A Participação da Capitania do Rio Grande do Norte e da Maçonari Potiguar na Revolução Pernambucana de 1817. Ed. Gráfia Off Set, 2017.
ENCICLOPÉDIA DELTA LAROUSSE, vol 2. Ed. Delta, 1962/1062 a 1064.
GRANDES PERSONAGENS DA NOSSA HISTÓRIA, vol. II. Abril Cultural, 1969/333 a 348..
HISTÓRIA DO BRASIL, VOL. Ii. Bloch Editores, 1972/266 a 268.


INTERNETHistória Brasileira » Brasil Colônia. Revolução Pernambucana. Artigo de Tiago da Silva. Data de publicação: 17/03/2010.
NAVARRO DA COSTA, JUrandyr. Rio Grande do Norte. Os Notáveis dos 500 anos. Ed. Do autor, 2004.
PREFEITURA MUNICIPAL DE NATAL. 400 Nomes de Natal. Coordenação de REJANE CARDOSO, 2.000.
REVISTA DO IHGRN, vol. 94. Artigo de Manoel Marques Filho – Bicentenário da Morte de André de Albuquerque, 2016.
ROCHA POMBOHistória do Rio Grande do Norte. Ed. Annuario do Brasil, RJ e Renascença Portuguesa, Porto, março de 1921/237 a 260.
TAVARES DE LIRA, Augusto. História do Rio Grande do Norte. Ed. Senado Federal, vol. 167, 2012.
TESOURO DA JUVENTUDE, vol. 13. Gráfica Editora Brasileira, 1953/42 a 44.
TRINDADE, Sérgio Luiz Bezerra. Introdução à História do Rio Grande do Norte. Ed. Sebo Vermelho, 2015/123 a 133.

domingo, 5 de março de 2017

SÁBADO É DIA DE POESIA


JUVENAL ANTUNES DE OLIVEIRA
Nasceu em Ceará-Mirim (Engenho Oiteiro), em 29/04/1883, filho José Antunes de Oliveira e Joana Soares de Oliveira. Morreu em Manaus, em 30/04/1941.
Vida escolar – Foi alfabetizado pela sua mãe com o auxílio do padre José Paulino Duarte. Os primeiros estudos, fez em Recife-Pe, no Colégio Parthenon. O curso secundário, fez no Atheneu Norte-riograndense.
Vida Profissional – Formado em Direito pela Faculdade de Recife, Promotor de Justiça em Açu-Rn, em São Paulo de Iço, Nova Olinda e Sena Madureira, todos no Acre, onde passou o resto da sua vida.
Vida Acadêmica - Membro fundador da Academia Acreana de Letras. É Patrono da Cadeira 35 da Academia Norte-Riograndense de Letras.
Obra – Não publicada, talvez a mais importante, uma terna e bem-humorada correspondência com a irmã, Madalena Antunes Pereira; Cismas; Acreanas; e os seus famosos Sonetos, designados por Elogios: Elogio da Preguiça; Elogio da Velhice; Elogio da Ignorância, Elogio do Amor Livre, Elogio da Solidão, e o Elogio de Laura.
Um fato importante, não se pode deixar de registrar, já que demonstra o grande amor do Poeta à sua cidade natal. Muito doente, em fase terminal, pediu para vir morrer Ceará-Mirim e foi colocado no navio ‘Belo Horizonte’, iniciando a viagem de volta, que não pode ser concluída, já que ao aportar em Manaus, foi conduzido a um hospital, onde veio a falecer.
ELOGIO DA PREGUIÇA
(A mim mesmo)
Bendita sejas tu, preguiça amada,
Que não consentes que eu me ocupe em nada.
Mas queiras tu, preguiça, ou tu não queiras,
Hei de dizer, em versos, quatro asneiras.
Não permuto por toda a humana ciência
Esta minha honestíssima indolência.
Está na Bíblia esta doutrina sã:
Não te importes com o dia de amanhã.
Para mim já e grande sacrifício
Ter de engolir o bolo alimentício.
Ó sábios! Dai à luz um novo invento:
A nutrição ser feita pelo vento.
Todo trabalho humano em que se encerra?
Em, na paz, preparar a luta, a guerra.
Dos tratados, e leis, e ordenações,
Zomba a jurisprudência dos canhões.
Juristas, que queimais vossas pestanas!
Tudo o que legislais dá em pantanas.
Plantas a terra, lavrador? Trabalhas
Para atiçar o fogo das batalhas.
Cresce o teu filho; é forte, é belo, é louro.
Mais uma res votada ao matadouro!
Pois, se assim é, se os homens são chacais
Se preferem a guerra à doce paz.
Que arda depressa a colossal fogueira
E morra, assada, a humanidade inteira!
Não seria melhor que toda a gente,
Em vez de trabalhar, fosse indolente
Não seria melhor viver à sorte,
Se o fim de tudo é sempre o nada, a morte!
Queres riquezas, glórias e poder...
Para que, se amanhã tens de morrer?
Qual mais feliz? O mísero sendeiro,
Sob o chicote e as pragas do cocheiro,
Ou seus antepassados que, selvagens,
Comiam, livremente, nas pastagens?
Do trabalho por serem tão amigas,
Não sei se são felizes as formigas.
Talvez o sejam mais, vivendo em farras,
As preguiçosas, pálidas cigarras.
Ó Laura! Tu te queixas que eu, farcista,
Ontem faltei a hora da entrevista,
E que ingrato, volúvel e traidor,
Troquei o teu amor por outro amor,
Ou, que receando a fúria marital
Não quis pular o muro do quintal,
Que me não faças mais essa injustiça!
Se, ontem, não fui te ver, foi por preguiça.
Mas, Juvenal, estás a trabalhar!
Larga a caneta e vai dormir, sonhar...

(Transcrito do BLOG da ACLA- Academia Cearamirinense de Letras e Artes Pedro Simões Nteo)