sábado, 29 de junho de 2013

DE VOLTA AO PASSADO VII – ANTIGOS BLOCOS CARNAVALESCOS – Parte V

             Em 1968 o Lord’s saiu na avenida com a alegoria patrocinada pelo Posto da Tamarineira, como podemos ver na foto conseguida com Baíto, que inclusive participou do bloco naquele ano. Nessa foto histórica podemos ainda identificar outros componentes: Thales, Bel, Franklin, Ormuz, Jairo Bode, Alfredo, os irmãos Dido (mascote) e Maninho Cambraia, Flavio, Nelson Freire, as irmães Eloisa, Rejane e Simone Lordão, Gelza, as irmães Tereza e Telma Cortez. 

            Em 1970, já com uma turma mais nova, fui presidente do Lord’s por apenas um carnaval. Que trabalheira! Quando quis me arrepender, já era tarde. Enfrentei o desafio com a ajuda de alguns abnegados que comigo formavam a diretoria. Entre eles estava Leonardo, hoje contador com escritório na Av. Prudente de Morais. Seus pais eram proprietários da SOCIC, loja de eletrodomésticos que ficava na esquina da Rua Princesa Isabel com a Avenida Rio Branco, representante exclusiva das enormes geladeiras Prosdócimo. Como tinha filial em Recife, a propaganda se referia a “SOCIC DE LÁ E A SOCIC DE CÁ”. Nesse ano, por falta de recursos, a alegoria foi feita com madeira compensada que vinha nas embalagens das geladeiras e a pintura, como sempre, pelas habilidosas mãos do artista plástico Levi Bulhões. A Kombi da loja foi de grande valia em nossas viagens pelo interior do Estado, à cata de trator e caçamba para o bloco. Nesse ano conseguimos o equipamento com Chico Seráfico em uma de suas propriedades em São José de Mipibu/RN, ajudado pelo conhecimento pessoal de Leonardo. Seu avô materno, Francisco Targino Pessoa, proprietário rural em São José de Campestre, era fornecedor de algodão para NÓBREGA & DANTAS, usina de beneficiamento que pertencia a Chico Seráfico.

                        Segunda fase do bloco Lord's - 1971

           Apesar de tudo guardo na bruma das minhas reminiscências boas recordações daqueles tempos idos e vividos. Uma delas foi reavivada após um telefonema que dei para Lauro Bubú, em busca de informações daquela época. Lembramos de um fato, que se tivesse acontecido nos dias de hoje, certamente ficaria conhecido como “a revolta do Dentão”. No sábado de carnaval, Lauro tomou um porre homérico e no domingo não teve condições de sair com o bloco. Como a alegoria era guardada em sua casa, na rua Mipibú nr. 355, logo apareceu a solução para o problema: Luiz Dentão – falecido prematuramente aos 48 anos de idade - apresentou-se para substituí-lo naquele dia. Nada mais justo, pois se tratava de seu irmão. Como conhecia a todos, pois as reuniões aconteciam em sua casa, vestiu a fantasia do dia e rapidamente integrou-se a turma. Foi o folião de maior destaque. Participou de todos os “assaltos”, do corso na Av. Deodoro, da matinê na sede social do América Futebol Clube, localizada na Av. Rodrigues Alves e prosseguiu por toda a madrugada, entregue de corpo e alma a folia de Momo.

            No dia seguinte, com Lauro já totalmente recuperado do porre, o Lord’s saiu para a avenida com um componente a mais: era Luiz Dentão que não se conformando em ficar de fora, estava disposto a levar sua reivindicação às últimas consequências, e para isso contava com o apoio de todos os componentes, impressionados com sua foliônica atuação. Para acalmar os ânimos logo foi encontrada uma solução apaziguadora. Ficou acertado que ele brincaria o resto dos dias utilizando sempre a fantasia do dia anterior. 
  Alguns componentes identificado: Túlio, Thales, Levi, Ormuz, Beto, China, Naná,                  Alfredo, Verinha, Fátima.

      Nas nossas reuniões na casa de Lauro, as mais acaloradas era para discutir o preço da “jóia” - valor pago por cada um dos componentes que se destinava ao custeio da agremiação: confecção da alegoria, combustível para o trator, pagamento do tratorista, contratação da orquestra e também o alvará para circular nas ruas e principalmente no “corso” onde carros e blocos eram fiscalizados. O alvará, colado no parabrisa dos carros, era obrigatório para participarem do “corso”, sob pena de multa e apreensão do veículo.

        Outra boa discussão era com relação aos “assaltos”. Uma das respostas que mais me irritava era quando perguntávamos aos componentes se já haviam conseguido algum “assalto” - obrigação de cada um de nós, já que precisávamos de pelo menos três por dia, para que o bloco não ficasse somente passeando pelas ruas - e vinha a resposta que detestava ouvir: tô batalhando!  Esses “batalhadores” geralmente nunca conseguiam nada. Até que um dia chegamos a cogitar que a turma dos “batalhadores” deveria se reunir e patrocinar um ou dois assaltos. Foi um Deus nos acuda!!! Mexemos num vespeiro. E permaneceu tudo do jeito que estava: os batalhadores continuaram batalhando...