sexta-feira, 31 de agosto de 2012

PERSONAGENS GOIANIENSE


                                                          GOIANINHA-RN  -  1943

         O município de Goianinha no Rio Grande do Norte foi, durante os séculos XIX e XX, celeiro de grandes personalidades da história jurídica do nosso estado e do nosso país. Dentre eles, destacamos o Dr. Augusto Carlos de Vasconcellos Monteiro nascido em Goianinha no dia 12 de outubro de 1881.

         Filho de Mathias Carlos de Vasconcellos Monteiro, bisneto do italiano Pietro Nicolau Villa e de Genuína Adelaide Pedroza Galvão. Descendente de seu patrício e companheiro de viagem, da Itália para o Brasil, no século XVIII Giovanni Baptista Simonetti.
      
      Iniciou o curso preparatório no Colégio Militar do Ceará, porém o abandonou por absoluta falta de vocação. Volta para Natal e no ano de 1897 conclui o curso de humanidade no velho Atheneu.

        No ano seguinte foi para o Recife e se matriculou na Faculdade de Direito. No dia 13 de dezembro de 1902, conclui o curso de Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais da daquela tradicional faculdade.

         Em janeiro de 1903, casa-se com sua prima em 4° grau, Amália Adelaide de Vasconcellos Monteiro, que nasceu em 1884, sua prima legítima, filha de João Baptista Constant Simonetti e Primênia Pedroza Simonetti.

         Dessa união nasceram os filhos: Belkiss Monteiro de Medeiros que se casou com Eloi Cesino de Medeiros; Haydee Simonetti Monteiro que casou com Ubaldo Bezerra de Melo, Interventor Federal, nomeado em fevereiro de 1946 pelo Presidente da República, General Eurico Gaspar Dutra, tendo tomado posse no Ministério da Justiça no Rio de Janeiro. Ubaldo Bezerra de Melo era proprietário das Usinas Ilha Bela e Santa Terezinha em Ceará-Mirim-RN. O terceiro e último filho foi Carlos Simonetti Monteiro casado com Nazaré Nascimento Monteiro.

         Nesse mesmo ano, já era promotor público da comarca de Canguaretama. Em 1906, muda-se para a região do Seridó, em virtude de sua nomeação para Juiz de Direito da Comarca de Acari. No ano seguinte foi exercer a mesma função na cidade de Caicó, onde permaneceu por de cinco anos.

         Com o falecimento de sua primeira esposa, que também era sua prima, Amália Adelaide de Vasconcellos Monteiro, em 30 de março de 1911, casa-se pela segunda vez com a caicoense Maria Valle Monteiro (1896-1979) com quem teve duas filhas: Eunice Valle Monteiro, nascida em Goianinha em 1915, tendo falecido em Caicó em 27 de maio de 1944, vítima de um desastre quando viajava com destino a Natal. Cléa Valle Monteiro nascida no Acre em 1917, falecida em 1926 em Caicó com apenas oito anos de idade.






















         Desde muito cedo, já demonstrava interesse pela política. Como na época era permitido aos magistrados exercerem a atividade política partidária, chegou a dirigir por alguns anos o partido situacionista local. Em 1912 foi eleito Deputado Federal pelo Rio Grande do Norte para o triênio 1912/1914.

                               UMA NOVA ADMINISTRAÇÃO DO ACRE
                                                   RIO DE JANEIRO
                                                  IMPRENSA NACIONAL
                                                           1915


        A sua mais importante contribuição para nosso país foi o projeto de Lei à Câmara dos Deputados, n° 257 – 1914, intitulado REORGANIZAÇAO A ADMINISTRAÇÃO DO TERRITÓRIO DO ACRE, composto de sete capítulos e quarenta e oito artigos. Em 29 de dezembro de 1914, defende no Congresso Nacional o projeto apresentado, publicado em 1915, com ampla repercussão na imprensa da Capital Federal.


Em 6 de janeiro de 1915, por Decreto Presidencial foi nomeado prefeito do Alto Acre, onde exerceu o cargo que lhe foi confiado pelo Chefe da Nação, com isenção e espírito público. Prestou, na medida do possível com muito esforço e dedicação, relevantes serviços ao povo daquela região esquecida do país.




                                                   Termo de Posse
         

Transcrevo abaixo o termo de posse, conforme cópia do Documento Oficial.

“BRASÃO DAS ARMAS
REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL
O Presidente da República:
Resolve nomear o Dr. Augusto Carlos de Vasconcellos Monteiro para o cargo de Prefeito do Alto Acre.
Rio de Janeiro, seis de janeiro de mil novecentos e quinze, nonagésimo quarto da Independência e vigésimo sétimo da República.
Carlos Maximiliano Pereira dos Santos”

         Durante o seu mandato governamental que se estendeu de 1915 a 1918, realizou naquela distante região do nosso país, obras de grande importância que muito contribuiu para o desenvolvimento regional.


         Em maio de 1915, criou o Grupo Escolar “24 de Janeiro” atualmente “Sete de Setembro” em Rio Branco, atual capital daquele Estado. Em 29 de agosto de 1915, cria em Xapuri, o Grupo Escolar “Seis de Agosto”. Em 13 de maio de 1916, instala o Serviço de Luz Elétrica em Rio Branco. Em 07 de setembro de 1917 instala na mesma cidade, o Serviço de Telefonia público e particular. Em 13 de maio do ano seguinte inaugura o primeiro hospital de caridade, atualmente denominado Santa Casa de Misericórdia do Acre, ainda em Rio Branco.

         Vitimado pela “gripe espanhola” contraída no Acre, que assolava todo o país faleceu aos 37 anos de idade, na cidade de Belém-PA, após desembarcar do navio que viajava com destino ao Rio de Janeiro, então Capital Federal, onde assistiria a posse do Presidente Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa. Nessa viagem estava em companhia de sua irmã mais nova Alzira Adelaide Vasconcelos Monteiro.

         O Rio Grande do Norte também padeceu com a terrível peste. Estórias transmitidas pela oralidade informam que a doença foi responsável por dizimar famílias inteiras. Os corpos eram jogados em valas a céu aberto, tão grande era o número de mortos. As avenidas Rio Branco, Princesa Isabel e Deodoro da Fonseca (com as respectivas denominações daquela época), tornaram-se cemitérios obrigatórios. Como não havia pavimentação, as fortes chuvas da época abriam nessas ruas, grandes valas que foram usadas para sepultamento dos corpos.  


         Augusto Carlos de Vasconcellos Monteiro não retornou ao seu amado torrão. Devido às dificuldades existentes na época, foi sepultado, possivelmente no Cemitério de Santa Isabel, por ser o mais antigo da cidade de Belém do Pará.

   (matéria publicada em O JORNAL DE HOJE, desta sexta-feira)