sexta-feira, 30 de novembro de 2012

UMA VIAGEM INESQUECÍVEL – Parte II

-continuação -

         ... Seu filho resolve que acompanharia o pai, para ajudá-lo nas providências, na certeza que chegariam ao Chile no dia seguinte. Enquanto a aeronave taxiava, recebe uma mensagem do guichê da TAM para interromper a manobra e aguardar. Na confusão criada por não poder embarcar, meu amigo esqueceu que o documento de identidade de sua esposa estava com ele. Sem a posse desse documento, ela não passaria pelo balcão da emigração no Chile, e teria que retornar ao Brasil. Poucos minutos depois, um dos tripulantes dirige-se a ela e lhe entrega o documento que um funcionário da companhia viera às pressas entregar no avião. Inicia-se novo taxiamento e mais uma vez é interrompido. Os passageiros já começavam a se perguntar o que estaria acontecendo quando novamente o mesmo tripulante, com cara de poucos amigos, entrega a esposa do meu outro amigo sua identidade, que também havia ficado com ele e que certamente acarretaria o mesmo problema no desembarque.
         
         Ufa! Enfim partimos. Lá estava eu, com a cabeça a mil, me perguntando como seria o desembarque em Santiago, já que eu era cego de guia, em se tratando de outro país. Mas, nada podia fazer. Dentro daquele enorme avião, me sentia menor que um grão de mostarda diante do que me aguardava. E, como se diz lá pelo interior do mato, estava literalmente pelo beiço. Como não adiantava estrebuchar, entreguei a Deus!
       
     As horas se passavam e a preocupação me atormentava. Eu, no papel de “Cadinho”, personagem da novela Avenida Brasil, responsável pelas três mulheres sem saber o rumo que tomaria.
         
      De repente, não mais que de repente, o local foi tomado por um enorme mau cheiro. Minha esposa que sofre de cefaléia e não pode sentir fortes odores, logo ficou preocupada. Depois de curta investigação, notamos que a passageira sentada na poltrona ao lado, uma americana de aspecto sinistro, que tinha embarcado em São Paulo, havia tirado as meias dos pés e as brandia como se quisesse secá-las. O odor era tão forte que os passageiros mais próximos, entreolhavam-se como se não acreditassem na cena grotesca que presenciavam.
        
        Isso nos fez lembrar outro episódio semelhante quando embarcamos de Natal para São Paulo. Minha esposa, que integra a estatística de 42% da população brasileira que tem medo de voar de avião, ficou mais tranqüila quando identificou, no passageiro que sentou na poltrona do seu lado, um provável pastor evangélico. O homem ao se sentar, sacou de uma bíblia e começou a lê-la mentalmente. Com uma hora de vôo o indivíduo já dormia profundamente. Começamos então a sentir um forte mau cheiro, que mais lembrava comida estragada. Instantes depois, descobrimos que o responsável por exalar aquele mau cheiro era o pastor, que de boca aberta e dormindo a sono solto, incontinenti, impregnava o ambiente com um hálito devastador, daqueles capazes de acabam comício de interior.
        
     Faltando pouco tempo para a aterrissagem, passa um comissário de bordo e distribui com os “passageiros estrangeiros” que desembarcariam em Santiago, um formulário escrito em espanhol. Depois vim saber que se tratava de uma DECLARAÇÃO DE ADUANAS. Embora identificando algumas palavras, não conseguia entender completamente o que estava escrito naquele papel.
        
       Quando se viaja para outro país, os amigos que por ventura lá já estiveram, logo se apressam em informar o endereço de onde se faz boas compras, onde se localizam os bons restaurantes, os locais de visitas indispensáveis, os melhores passeios etc. Infelizmente, não se preocupam em informar ao passageiro de primeira viagem, como era o nosso caso, e ainda por cima viajando por conta própria, isto é, sem contar com os serviços de uma agência de viagens, que, para se adentrar em outro país, é necessário passar pela policia de emigração. Aquele papel entregue pelo comissário de bordo - Declaração de Aduanas -, é justamente para ser preenchido com os dados do viajante, e que serão confrontados com os documentos de identidade, no guichê da emigração. Após esse procedimento, a entrada é autorizada através de um carimbo, que determinará inclusive, os dias que o indivíduo poderá permanecer no país. A guarda desse documento é de vital importância, pois, por ocasião da saída do país, o mesmo documento será exigido. O seu extravio acarretará enormes problemas e nesse caso, a solução passará inevitavelmente pela Embaixada.
      
        Preenchemos o documento da maneira que achávamos ser o mais correto, porém, isso teve lá suas conseqüências, quando apresentado no guichê da emigração. A policial chilena, muito mal humorada, talvez fosse uma solteirona mal resolvida, pois era desprovida de qualquer sinal de beleza estética, terminou por se aborrecer, em virtude da falta de alguns dados, que tiveram que ser refeitos ou complementados. Até que fosse estabelecido um mínimo de comunicação com aquela chilena raivosa, falando apressadamente e em um espanhol de difícil compreensão, passamos por alguns momentos de estresse.
        
     Enfim, resolvido mais esse problema, tomamos um taxi, que tive o cuidado de contratá-lo dentro do aeroporto, evitando assim problemas futuros. Depois de nos acomodarmos na van, já que éramos quatro passageiros e bagagem de seis pessoas, me dirigi ao motorista com ares de viajante experiente: Hotel Neruda, por favor! Sim señhor, respondeu o chileno.
       
       Durante o percurso, uma distância de 35 a 40 quilômetros, procurei manter algum diálogo com o taxista, para ir me familiarizando com o idioma. Perguntei-lhe sobre a distância até o centro da cidade, sobre a temperatura e por fim sobre os pontos turísticos mais visitados. Ele, ao contrário da policial truculenta, muito educado, procurava de todas as maneiras atender aos meus questionamentos e satisfazer, a medida do possível, minhas curiosidades. Foi então que atônito, descobri mais uma das nossas trapalhadas.
     
        O dia 1 de novembro, Dia de Todos os Santos, é feriado nacional. Em seguida, o dia 2 – dia de finados -, igualmente feriado, onde se reverencia a memória dos mortos, como na maioria dos países que têm como predominância, a religião católica. E o dia 3, sábado, nos informava que o comércio funcionaria precariamente em razão dos feriados anteriores, ou como costumamos chamar por aqui de feriadão. Resultado: três dias com praticamente tudo fechado em Santiago. Somente os Shoppings, como de costume, estariam em pleno funcionamento. No afã da viagem, esquecemos do mais importante: o planejamento. E como se diz aqui em nossa terra “além de queda, coice!
 - continua na próxima sexta-feira-

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

UMA VIAGEM INESQUECÍVEL - Primeira capítulo



          Tudo começou quando resolvi descansar por uns dias, após o lançamento do meu livro “A Praia da Pipa do tempo dos meus avós”, em outro país, já que nunca havia atravessado nossas fronteiras.
         
         Entretanto, o primeiro desafio era convencer minha esposa a fazer a viagem de avião. Vários pousos e decolagens a esperavam, e só em comentar o fato, ela ficava deveras apavorada. 

        Depois de muita conversa ao pé do ouvido, recheadas de promessas em sua maioria, impossíveis de serem cumpridas, lhe convenci a ir para o “sacrifício”. Resolvida a primeira etapa, tive a grata surpresa da companhia de dois casais amigos, que se juntaria a nós, nessa aventura além-fronteiras, em terras de língua espanhola. Um dos casais, pais do meu genro, e o outro, seu filho, que viajava com sua esposa. Não poderia haver melhores companhias. Minha esposa, por sua vez, ficou mais confiante e eu, agradecido pela sorte de ter aquelas pessoas conosco, numa aventura com duração prevista para 10 dias.
       
       Parecia que tudo estava se encaixando como uma luva. Seria uma viagem inesquecível, já que para mim, minha esposa e um dos casais, fazíamos nossa primeira viagem internacional.
      
        Realmente foi “inesquecível” em todos os sentidos. Começou quando adquirimos, através do site da TAM, as seis passagens Natal/São Paulo/Chile. Na ocasião de confirmar a compra, nos enganamos quanto à data do embarque. Descobrimos depois que havíamos adquirido os bilhetes 30 dias antes do dia em que pretendíamos viajar. Resultado: perdemos todas as passagens, pois como os bilhetes foram adquiridos em uma promoção, mesmo comunicando com antecedência, como foi o nosso caso, a TAM não permitiu fazer troca, substituição ou remarcação para o dia do embarque.
      
         No dia que antecedeu a viagem amanheci com uma enorme dor no calcanhar direito. Logo suspeitei da famosa “gota”, pois, vez por outra, quando me excedo nos miúdos e carne vermelha, ela logo se apresenta. Felizmente depois de uma consulta ao médico, constatamos que se tratava apenas de uma tendinite, enfermidade não menos preocupante, principalmente para quem vai fazer uma viagem de turismo e normalmente precisa caminhar grandes distâncias. Explicada ao médico a minha condição de viajante naquela madrugada, o problema foi equacionado com uma potente injeção à base de corticóide. Enfim, na madrugada do dia 1 de novembro, partimos de Natal com destino a São Paulo.
         
          Após uma hora e meia de voo, de repente o silêncio da aeronave era rompido por um grito de pavor. Depressa! Depressa! ... era a esposa de um dos meus amigos, que muito aflita, chamava a aeromoça. Olhei para trás e também me assustei com a cena. Com a cabeça pendendo para um dos lados, seu marido desfalecia. Passou mal e veio a desmaiar por falta de oxigênio. Seu organismo, por problemas pulmonares, às vezes não consegue fazer a troca do oxigênio respirado no ambiente pressurizado da aeronave, o que provocou o seu desfalecimento.
          
        Tínhamos conhecimento do seu problema pulmonar, pois a mesma situação já havia acontecido em outro voo, quando íamos para Gramado-RS, onde fomos assistir ao espetáculo do Natal Luz. Nesse episódio, só tivemos conhecimento do fato, quando pousamos em Natal, e nos revelou que havia sofrido do mesmo desconforto durante o vôo, só tornando quando a aeronave se preparava para o pouso. Como era um vôo noturno, nem mesmo sua esposa percebeu o ocorrido.
          
          Entretanto, nessa viagem, não tivemos maiores preocupação, pois dias antes ele havia feito todos os exames e, consultando do seu médico acerca do problema, dele obteve um atestado que foi apresentado à tripulação, por ocasião do embarque, informando que o mesmo sofria de problemas respiratórios, (hipóxia hipobárica: deficiência de oxigênio nos tecidos consequente à diminuição da pressão parcial do oxigênio no ar respirado), e recomendava que ele fosse ofertado oxigênio, caso houvesse necessidade. Ficou previamente acertado com a tripulação, que se houvesse necessidade ele acionaria um dispositivo localizado acima de seu assento.
      
    O dispositivo foi aceso e imediatamente é socorrido pela tripulação, que prontamente lhe atende com uma garrafa de oxigênio. Dez minutos depois que retoma a respiração normal, um dos tripulantes solicita a presença de algum médico, que por acaso estivesse a bordo. Apresentou-se uma médica, que por sinal era do seu circulo de amizade, e gentilmente lhe faz companhia até o desembarque em São Paulo.
    
    Desembarcamos em Guarulhos pouco mais das seis horas, de uma manhã ensolarada. Três horas depois, reembarcávamos com destino a Santiago do Chile. Após tomarmos assento, sentimos a falta do nosso companheiro. Depois de algum tempo, fomos informados pelo seu filho que ele havia sido impedido de embarcar, sob a alegação de que a aeronave não dispunha de oxigênio suficiente, caso houvesse necessidade durante o voo Guarulhos-Santiago. A tripulação recusava-se terminantemente a autorizar seu embarque, temendo a repetição do ocorrido no voo entre Natal e São Paulo.   

         A aeronave continuava estacionada aguardando a solução da pendência. Logo, fomos informados que ele só poderia viajar no dia seguinte e com equipamento próprio (Concentrador de Oxigênio para uso aeronáutico). Teria que adquirir, por sua conta, uma garrafa de oxigênio. Esse equipamento ainda teria que ser submetido a analise da TAM. Também foi exigido a compra de outro bilhete, pois o equipamento – uma garrafa de oxigênio -, viajaria na poltrona vizinha.

 (continua na próxima semana)

terça-feira, 20 de novembro de 2012

O fotógrafo do jornal Tribuna do Norte,Adriano Abreu, fez a foto no momento em que o Presidente do Tribunal do Contas do Estado do Rio Grande do Norte, Conselheiro Valério Alfredo Mesquita, deixava a sede do TCE  em direção ao IHGRN- Instituto Histórico e Geográfico do RN, instituição que irá presidir no triênio 2013/2015, ladeado pelos confrades eleitos: Carlos Roberto de Miranda Gomes, Secretário Geral e Ormuz Barbalho Simonetti, Vice-Presidente.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

O FLIPIPA E A AUSÊNCIA DE NOSSOS VALORES

Gostaria que no próximo FLIPIPA fosse criado um espaço para se debater a obra do grande jurista, pesquisador,memorialista e escritor HELIO MAMEDE DE FREITAS GALVÃO. Afinal este homem escreveu muito sobre o nosso estado e principalmente sobre o lugar onde nasceu, PERNAMBUQUINHO, no município de Tibau do Sul, que na época pertencia a Goianinha-RN e que tem a Praia da Pipa como seu principal distrito. O dr. Hélio Galvão vem a ser o pai do curador do FLIPIPA, Dácio Galvão. Seria uma boa oportunidade de mostrar aos que chegar que também temos nossos VALORES e nos orgulhamos deles.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

ORAÇÃO DO MILHO


Oração do Milho
Sou a planta humilde dos quintais pequenos e das lavouras pobres.
Meu grão, perdido por acaso, nasce e cresce na terra descuidada. Ponho folhas e haste e se me ajudares Senhor, mesmo planta de acaso, solitária, dou espigas e devolvo em muitos grãos, o grão perdido inicial, salvo por milagre, que a terra fecundou.
Sou a planta primária da lavoura.
Não me pertence a hierarquia tradicional do trigo. E de mim, não se faz o pão alvo, universal.
O Justo não me consagrou Pão da Vida, nem lugar me foi dado nos altares.
Sou apenas o alimento forte e substancial dos que trabalham a terra, onde não vinga o trigo nobre.
Sou de origem obscura e de ascendência pobre. Alimento de rústicos e animais do jugo.
Fui o angu pesado e constante do escravo na exaustão do eito.
Sou a broa grosseira e modesta do pequeno sitiante. Sou a farinha econômica do proletário.
Sou a polenta do imigrante e a miga dos que começam a vida em terra estranha.
Sou apenas a fartura generosa e despreocupada dos paióis.
Sou o cocho abastecido donde rumina o gado
Sou o canto festivo dos galos na glória do dia que amanhece.
Sou o carcarejo alegre das poedeiras à volta dos seus ninhos.
Sou a pobreza vegetal, agradecida a Vós, Senhor, que me fizeste necessária e humilde
SOU O MILHO

domingo, 11 de novembro de 2012


LANÇADO NO ÚLTIMO DIA 25 DE OUTUBRO O LIVRO "A PAIA DA PIPA DO TEMPO DOS MEUS AVÓS"- JÁ SE ENCONTRA À VENDA NAS PRINCIPAIS LIVRARIAS DE NATAL E NA REDE DE LIVRARIAS SARAIVA. PODEM TAMBÉM SEREM ADQUIRIDOS COM PEDIDO ATRAVÉS DO E-MAIL:ormuzsimonetti@yahoo.com.br ou pelo telefone XX-84-9928-1176, ao preço de R$ 50,00 (cinquenta reais).

ESTAREMOS, INCLUSIVE, NO FLIPIPA- FESTIVAL LITERÁRIO DA PRAIA DA PIPA EM SUA QUARTA EDIÇÃO, COM LIVROS NA TENDA DA COOPERATIVA CULTURAL DA UFRN (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE)


sábado, 10 de novembro de 2012


INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE
TEM NOVA DIRETORIA E CONSELHO FISCAL



Em reunião de Assembleia Geral Ordinária na sua tradicional sede da Rua da Conceição, 622 - Cidade Alta, presidida pelo Escritor Jurandyr Navarro da Costa, o IHGRN, por aclamação, elegeu a sua nova Diretoria e Conselho Fiscal para o triênio 2013-2015, assim compostos:


DIRETORIA:
1.Presidente: VALÉRIO ALFREDO MESQUITA;
2.Vice-Presidente: ORMUZ BARBALHO SIMONETTI;
3.Secretário-Geral: CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES;
4.Secretário-Adjunto: ODÚLIO BOTELHO MEDEIROS;
5.Diretor Financeiro: GEORGE ANTÔNIO DE OLIVEIRA VERAS;
6.Diretor Financeiro Adjunto: EDUARDO GOSSON;
7.Orador: JOSÉ ADALBERTO TARGINO ARAÚJO;
8.Diretor da Biblioteca, Arquivo e Museu: EDGAR DANTAS RAMALHO DANTAS;

CONSELHO FISCAL:

1.EIDER FURTADO DE MENDONÇA E MENEZES, Membro titular;
2.PAULO PEREIRA DOS SANTOS, Membro titular;
3.TOMISLAV R. FEMENICK, Membro titular;
4.LÚCIA HELENA PEREIRA, Membro suplente.


A sessão cumpriu precisamente a Convocação publicada no Diário Oficial do Estado, edição do dia 31 de outubro do ano corrente, da Presidência, sob o fundamento das disposições combinadas dos artigos 11 e 15, “b” do Estatuto e ocorreu em total harmonia e confraternização. a posse ocorrerá no dia 29 de março de 2013, data de aniversário da Casa da Memória, em sessão solene na sede da Entidade, conforme oportunamente será divulgado, com a respectiva transmissão do cargo para o novo Presidente Valério Alfredo Mesquita.
Em breves palavras o Presidente Jurandyr Navarro da Costa agradeceu a presença de todos.