sábado, 12 de fevereiro de 2011

VIAGEM INSÓLITA - Segunda parte

VIAGEM INSÓLITA – Segunda Parte

(Percurso percorrido entre as praias de Pipa/RN e Canoa Quebrada/CE)


De volta à viagem, outro fator que nos chamou a atenção foi a constante mudança na vegetação. Desde que descemos na praia de Rio do Fogo que observamos sensível modificação da vegetação litorânea. Quanto mais nos afastávamos da cidade de Natal, em direção ao Estado do Ceará, maior era a incidência de plantas típica do semi-árido. O meio do mato ralo e retorcido, característica dos taboleiros costeiros, a todo instante afloravam várias espécies de cactáceos. Mandacarus e coroa-de-frade misturavam-se as bromélias típicas do sertão como as macambiras, além de outras árvores dessa região como cardeiros e facheiros. Na minha praia de veraneio, a praia da Pipa, também essas árvores misturam-se a vegetação local, porém, são raras e pontuais. No entanto, quanto mais nos afastávamos do Sul em direção ao Norte, mais assistíamos ao espetáculo do “sertão entrando no mar”.




Após a Praia do Marco, prosseguimos viagem e a cada curva que fazíamos ao final de uma enseada, mais uma bela praia surgia diante dos nossos olhos de aprendizes de exploradores, ávidos por novas descobertas. As praias se sucediam com suas belezas particulares. As casinhas típicas dos pescadores pontilhavam por cima das dunas de areias brancas às vezes completamente isoladas, dando assim uma visão lúdica àquele cenário de beleza singular. Nas praias, as jangadas colocadas em cima de toras de madeira, descansavam esperando seus bravos pescadores para o próximo desafio rumo à imensidão do mar azul, na incessante luta pela sobrevivência.
Passamos pela praia de Exu Queimado e em seguida chegamos a Caiçara do Norte. Fizemos uma parada para fotografar o majestoso Farol de Santo Alberto com seus 42 metros de altura, inaugurado em 1908.


























Finalmente, ao cair da tarde, chegamos à Praia de Galos habitada por uma pequena comunidade de pescadores. Fomos direto para a “Pousada Peixe Galo”, onde pernoitamos, conforme o roteiro previamente estabelecido. Em Galos, os viajantes no afã de novas aventuras e ainda com muita disposição, contrataram um barco para ver o por do sol no final da península, onde se localiza a bela praia de Galinhos e também um farol que traz o mesmo nome.










Fomos para o píer e apesar de várias tentativas, o motor da embarcação que iria nos conduzir recusava-se a funcionar. Com a tarde caindo rapidamente, o responsável pela nossa viagem providenciou outra embarcação tão velha quanto à primeira, porém, essa já chegou ao local de embarque com o motor em funcionamento. Minha esposa recusou-se terminantemente a embarcar naquela “banheira” temendo por nossas vidas. Resolvi ficar e lhe fazer companhia, no que não me arrependi. Fomos para o “Restaurante da Irene”, degustar uma bela posta de robalo (camurim), com tapioca e cerveja extremamente gelada. Enquanto isso os corajosos aventureiros rumavam a caminho do sol.






A tarde já findava quando o barco partiu mais lento que uma tartaruga. Lá se foram naquela embarcação com o motor resfolegando e que a todo instante ameaçava parar de funcionar, sem muita certeza que retornariam ainda naquele dia ou noite. Porém, a ânsia pela aventura estava acima de tudo. Rumaram em direção ao final da península onde o espetáculo do por do sol seria mais bem apreciado. Claro que antes de chegarem ao destino, o sol já tinha se escondido por trás da linha do horizonte. Lá pelas sete horas da noite, cessaram minhas preocupações quando ouvimos no meio da escuridão aquele barulho cansado, mas para mim bastante familiar. Era o barco que retornava do passeio com todos os passageiros a bordo para o porto seguro da “Pousada Peixe Galo” e o aconchego do “Restaurante da Irene”.



Enquanto os homens seguiram de barco, as esposas resolveram fazer a caminhada a pé. Informadas que o percurso seria de aproximadamente 5 km, acharam uma moleza já que estavam acostumadas a percorrer distâncias maiores em suas caminhadas cotidianas, em Natal. Só não contavam que a tarde caíra rapidamente e o percurso era por terras desconhecidas. Quando chegaram ao destino já estava escuro e o por do sol foi apreciado em plena marcha forçada pelas areias da praia. Para retornar acharam mais seguro alugarem uma “carroçataxi” - em Galinhos não é permitido à utilização de carros -, puxada por um valente cavalo, que apesar de seu aspecto não muito saudável, conseguiu trazer todas sãs e salvas para casa, apesar da escuridão da noite e das areias impedidoras



Após o jantar no “Restaurante da Irene” a base de frutos do mar, moquecas e pirão de peixe, além de uma boa carne do sol, nos reunimos na piscina da pousada até a madrugada. Lá apreciamos um bom vinho e traçando planos para o dia seguinte, quando iríamos encarar a próxima etapa da viagem até a Praia de Canoa Quebrada, já no Estado do Ceará. Nesse dia, percorremos exatos 250Km.

(continuação próxima sexta-feira 18/02)