segunda-feira, 28 de março de 2011

A LEI O E VÍCIO

Jovem, desejei ser advogado incentivado pelo exemplo de um tio desembargador, vítima de uma bala acidental que lhe tirou a vida aos 43 anos. Veio à consciên¬cia, antes de terminar o primeiro ano, e avisou ao futuro bacharel que seria desastroso tentar insistir. Livrei o fórum de suportar um advogado medíocre e aceitei a inclinação para este oficio menor de escrever notícias e crônicas. Desde aquele tempo tenho medo do legalismo, monstro enlouquecido que nasce e vive nas entranhas da lei.

Até hoje, quando vou esquecendo, vem outro exemplo e espeta a consciência. Como agora, no julgamento dos políticos ficha suja. O Supremo Tribunal Federal não ousou, para decidir ouvindo a voz rouca das ruas, como se diz na clicheria política. Ficou no limite restrito da lei como esta fosse maior do que o Direito e longe do clamor popular. E os fichas sujas vão assumir seus mandatos de quatro ou oito anos, de deputado ou senador, debaixo dos bigodes acabrunhados da opinião pública brasileira.

É a lei, Senhor Redator, alegam os que fazem o império da norma. A nós outros e aos próprios ministros que sabem da sujeira daquelas fichas, nada mais há a fazer. O Supremo é o Supremo. Depois dele, nestas terras da Ilha de Santa Cruz, só Deus. E Deus, até onde se tem sabe, é um ser acima das questiúnculas políticas e dos queixumes da politicagem. Que se cumpra, pois, a vontade da Corte. Aliás, é bem próprio do gosto monarquista que nunca nos abando¬nou, mesmo depois da República.
Não chego a repetir o jargão daqueles que afirmam ser o político alguém que não teme e não pára na fronteira do pudor. Seria muito. Mas, entre perder o mandato ou a compostura, e isto é um fato, joga fora os dedos e fica com os anéis. É com eles - e o político pensa assim - que terá acesso à riqueza do poder que nem sempre precisa ser feita de ouro ou níquel, mas do brilho na lapela, lugar que a convenção social escolheu para exibir os dísti¬cos da glória política a quem, desavisado, não souber.

A sujeira, portanto, é legal. Pelo menos até 2012, nas eleições municipais. Ninguém sabe se essa legalidade não sobrevive até 2014. Até lá, certamente teremos outras mãos sujas, mas também teremos governadores sonhando com a renovação de seus mandatos e uma vaga de senador para cada estado. O caldo grosso do poder, então, será mexido na fervura das ambições e dos desejos e só então se saberá se teremos nova interpretação capaz de vencer o determinismo brasileiro para a impunidade.

Ainda não foi desta vez que o sol forte da opinião pública, como dizem os franceses, iluminou nossos juízes supremos. Não se duvida de suas auras feitas de um saber jurídico sólido e incontestável. Nem da boa fé de suas almas. Mas é difícil compreender que a norma constitucional venha resguardar a impunidade. No meu caso, Senhor Redator, devo confessar, é mais difícil: além de faltar o saber ainda vicejam as ervas da¬ninhas da ignorância na sua invencível incapacidade de com¬preender. Hélas!

Transcrito da coluna “Cena Urbana” de Vicente Serejo 28/03/2011

INDIGNAÇÃO

Meu caro ormuz,
Tudo que acontece de ruim nesse pais é mostrado na TV e nos jornais. Nem tudo. A prova da OAB desse ultimo domingo, dia 27 de março, é a exceção para confirmar a regra. Indignado, não com a prova, mas com o método aplicado pela forma da toda poderosa FGV, encaminhei minha irresignaçao à Ordem. Obviamente que não terá nenhum resultado prático mas, pelo menos, não cometo o pecado da omissão e nem acelero o processo - em curso - de obstruçao das artérias. Assim, terei mais tempo para brincar com os netos.


Senhor Presidente,

Os últimos exames de primeira fase da Ordem têm exigido do examinando conhecimentos mais aprofundados. Nada contra. Na prova pratico profissional, na ultima 2010.2, foram exigidos vários itens a serem contestados, tornando-a longa e impossível de ser feita em três ou três horas e meia. A mesma sorte coube as questões que, pelo grau de complexidade e de pesquisa, também não foi possível ser realizada no tempo restante.

Agora, na prova 2011.3, a OAB, novamente, exigiu do examinando mais conhecimentos. Nada contra. Na segunda fase, a prova prática-profissional a OAB exorbitou e cometeu um crime de tortura contra o examinando. Senão vejamos. Se a prova pratico profissional é para exigir do examinando qual a via adequada para salvaguardar os direitos do cliente; Se os pressupostos exigidos nesse instituto foram obedecidos, portanto, descritos corretamente, logo, satisfaz ao examinador a prova da sua exigência. Por que então haverá necessidade da OAB exigir que o examinando interponha um Recurso Ordinário fantasioso, desproporcional ao tempo que lhe é concedido para aprovar seus conhecimentos. É um despautério.

Ora, se a OAB, em todo seu momento histórico, tem se mantido em defesa da legalidade, da justiça, do respeito aos direitos individuais, das garantias constitucionais, como agora, pode se arvorar de querer ser a palmatória do ensino jurídico brasileiro. Não sou contra a prova. Entendo ser necessária, mas, acima de tudo, que se faça com equidade. Nada alem disso. Atenciosamente.

Arnilton Cavalcanti Montenegro



sábado, 26 de março de 2011

FUNDAÇÃO DA FINSC

FUNDADA A FEDERAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE CULTURA DO RIO GRANDE DO NORTE – FINSC, QUE NASCE COM O OBJETIVO DE UNIR INSTITUIÕES CULTURAIS

NOSSO LEMA: "OMNES UNUM SINT' (UNIDOS SEREMOS UM).


Em ASSEMBLEIA GERAL ESPECIAL, realizada ontem, 25-03-2011, às 19 horas, na sala ONOFRE LOPES DA ACADEMIA NORTE-RIO- GRANDENSE DE LETRAS, nesta cidade, com expressivo comparecimento de representantes de diversas entidades culturais do nosso Estado, foi fundada a FEDERAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE CULTURA DO RIO GRANDE DO NORTE.
Na ocasião foi aprovado o seu ESTATUTO SOCIAL e escolhidos os integrantes da DIETORIA EXECUTIVA, CONSELHO FISCAL E COMISSÃO DE ÉTICA E DISCIPLINA PROVISÓRIOS, os quais deverão cuidar do registro da nova Entidade.
OS NOMES ESCOLHIDOS PARA O COMANDO DA FINSC SÃO:
DIÓGENES DA CUNHA LIMA - PRESIDENTE
JURANDYR NAVARRO DA COSTA - VICE-PRESIDENTE
CARLOS ROGBERTO DE MIRANDA GOMES - PRIMEIRO SECRETÁRIO
JAIR FIGUEIREDO - SEGUNDO SECRETÁRIO
PEDRO SIMÕES NETO - DIRETOR DE EVENTOS E PROMOÇÕES
LUCIANO ALVES DA NÓBREGA - DIRETOR DA REVISTA
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI - DIRETOR FINANCEIRO
CONSELHO FISCAL: ENÉLIO PETROVICH, GLEY NOGUEIRA GURJÃO, ELDER HERONILDES DA SILVA E ZELMA FURTADO; COMISSÃO DE ÉTICA E DISCIPLINA: ANNA MARIA CASCUDO BARRETO, DORIÉLIO BARRETO DA COSTA E EDUARDO GOSSON.



DIÓGENES DA CUNHA LIMA - PRESIDENTE


ORMUZ SIMONETTI - DIRETOR FINANCEIRO E JANSEN LEIROS PRESIDENTE DA ACADEMIA DE LETRAS DE MACÍBA-RN


CARLOS GOMES - PRIMEIRO SECRETÁRIO, VIVI - ACADEMIA DE LETRAS DE APODI-RN, GLEY NOGUEIRA - ACADEMIA NORTE-RIOGRANDENSE DE MEDICINA

sexta-feira, 25 de março de 2011

DEÍFILO GRUGEL

Após o retorno a Natal, da viagem que empreendeu pelos litorais potiguar e cearense, o genealogista Ormuz Simonetti fez uma visita ao amigo poeta e folclorista Deífilo Gurgel.
Quando pôde constatar que Deífilo Gurgel, com seus 85 anos de idade, bem vividos, ainda se encontra em plena atividade intelectual. Pesquisando o folclore norte-riograndense e escrevendo poemas maravilhosos.
Um destes poemas, AREIA BRANCA, MEU AMOR, é uma declaração de amor do poeta à terra natal. E, para o deleite de seus leitores, foi transcrito por Ormuz no blog História e Genealogia.

Paulo Gurgel
Fortaleza/CE

CARLOS GOMES HOMENAGEIA SEU PAI

SOLENIDADE NA ACADEMIA DE LETRAS JURÍDICAS DO RN, QUE TEM SEDE PROVISÓRIA À RUA AFONSO PENA, 1155, ONDE FUNCIONA A PROCURADORIA GERAL DO ESTADO, O ACADÊMICO CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES FALA SOBRE SEU PATRONO, QUE TAMBÉM ERA SEU PAI (CADEIRA N° 14 - DESEMBARGADOR JOSÉ GOMES DA COSTA)






CARLOS DURANTE O DISCURSO NO AUDITÓRIO DA PROCURADORIA DO ESTADO DO RN


















JANSEN LEIROS - ENÉLIO PETROVICH - ORMUZ SIMONETTI- CARLOS GOMES - LUCIANO NOBREGA

quarta-feira, 23 de março de 2011

CEARÁ-MIRIM TEM A SUA ACADEMIA DE LETRAS FUNDADA EM 22 - 03-2011, EM ASSEMBLÉIA GERAL EXTRAORDINÁRIA.




















MEMBROS PRESENTES NA ASSEMBLÉIA DE FUNDAÇÃO DA ACLA:
PEDRO SIMÕES NETO - PRESIDENTE - FRANKLIN MARINHO, ORMUZ BARBALHO SIMONETTI, FRANCISCO DE ASSIS RODRIGUES, JANILSON DIAS DE OLIVEIRA E LÚCIA HELENA PEREIRA - OS NOVOS IMORTAIS (DOS ONZE) SUBMETIDOS À VOTAÇÃO.

















PATRONOS: NILO PEREIRA, EDGAR BARBOSA, JUVENAL ANTUNES DE OLIVEIRA, MARIA MADALENA ANTUNES PEREIRA, ADELLE DE OLIVEIRA, AUGUSTO MEIRA, RODOLFO GARCIA, JÚLIO MAGALHÃES DE SENA, INÁCIO MEIRA PIRES, JAYME ADOUR DA CÂMARA, PADRE JORGE O´GRADY DE PAIVA, ELVIRO CARRILHO DA FONSECA, HERCULANO BANDEIRA DE MELO, JOSÉ EMÍDIO RODRIGUES GALHARDO, JOSÉ ALCINO CARNEIRO DOS ANJOS, FRANCISCO PEREIRA SOBRAL, ETELVINA ANTUNES DE LEMOS, ANTÔNIO GLICÉRIO, DOLORES CAVALCANTI, FRANCISCO DE SALLES MEIRA E SÁ, ANETE VARELLA, RAFAEL FERNANDES SOBRAL, JOSÉ PACHECO DANTAS E MANUEL FABRÍCIO DE SOUZA.

sexta-feira, 18 de março de 2011

CARLOS DRUMOND DE ANDRADE
















Num momento de descontração, o grande poeta Carlos Drumond de Andrade escreveu:

"Satânico é meu pensamento a teu respeito e ardente é o meu desejo de apertar-te em minhas mãos, numa sede de vingança incontestável pelo que me fizeste ontem.
A noite era quente e calma e eu estava em minha cama, quando, sorrateiramente, te aproximaste.
Encostaste o teu corpo sem roupa no meu corpo nu,
sem o mínimo pudor! Percebendo minha aparente indiferença, aconchegaste-te a mim e mordeste-me sem escrúpulos.
Até nos mais íntimos lugares.
Eu adormeci.
Hoje quando acordei, procurei-te numa ânsia ardente, mas em vão.
Deixaste em meu corpo e no lençol provas irrefutáveis do que entre nós ocorreu durante a noite.
Esta noite recolho-me mais cedo, para na mesma cama te esperar....
Quando chegares, quero te agarrar com avidez e força.
Quero te apertar com todas as f orças de minhas mãos.
Só descansarei quando vir sair o sangue quente do seu corpo..
Só assim, livrar-me-ei de ti....
pernilongo filho da puta...

quarta-feira, 16 de março de 2011

ESCRITORA E POETISA ZILMA FERREIRA PINTO

Dia internacional da mulher

Recebi da confreira(INRG) e acadêmica(APP-Academia Paraibana de Poesia) ZILMA FERREIRA PINTO, esse lindo poema em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, 08 de março.


Mulher

Perguntas-me quem sou? Sou a Beleza.
Sou a forma ideal da Natureza.
Da razão sou a luz.
Sou o porto onde o náufrago descansa.
Sou Pandora guardando a esperança
Sou a Virgem chorando ao é da cruz.

Sou a Ciência – o livro que ensina.
Sou a lâmpada que os lares ilumina
E a flor dos gineceus.
Mas acima do que sou enaltecida.
Sou o seio nutriz gerando a vida
E a mais pura criação das mãos de Deus.

Sou acalanto-a mão que embala o berço.
Sou a mais lírica expressão de um verso...
Sou Aspásia e Ester...
Sou mistério nas coisas mais secretas.
Sou a Musa de todos os poetas.
Sou deusa. Sou encanto. Sou MULHER!


Zilma Ferreira Pinto

terça-feira, 15 de março de 2011

DEÍFILO GRUGEL

ORMUZ,

PARABENS PELA BELISSIMA MATERIA SOBRE ''DEÍFILO GURGEL'',GRANDE POETA E FOLCLORISTA.

SEMPRE FUI GRANDE AMIGA E COMADRE DE SUA FILHA KATIA E CONVIVIA COM ELE E ZORAIDECOMO A CONTINUAÇAO DE MINHA FAMILIA.

FREQUENTEI SUA RESIDENCIA DURANTE MUITOS ANOS QUANDO ESTUDAVA COM KATIA,DEPOIS CADA UMA SEGUIU SEU DESTINO E NOS DISPERSAMOS,MAS CONTINUO COM TODOS ELES NO MEU CORAÇAO.

É UMA HONRA PARA O RIO GRANDE DO NORTE TER ''DEIFILO GURGEL COMO FILHO DE NOSSA TERRA.

PARABÉNS.

MARIA ADELAIDE GADELHA GRILO DE MEDEIROS
NATAL/RN

DEÍFILO GRUGEL

Nada mais justo! Honesto de princípios, Deifilo dedicou-se à cultura do Estado. Parabens, Ormuz por ter tornado público o merecido prêmio desse homem a quem a cultura do Estado deve muito. Entre as constelações do Rio Grande do Norte, Deífilo ofusca muitas estrelas. Eu bato palmas de pé para essa figura humana maravilhosa que é ele.
Associo-me a você. Abraços, Jansen



Att,

Jansen Leiros
Natal/RN

DEÍFILO GRUGEL

AMIGOS:
BELA E JUSTA HOMENAGEM DE ORMUZ SIMONETTI AO POETA DEÍFILO GUIRGEL, POR ISSO ENCAMINHO PARA VOCÊS
AFETUOSO ABRAÇO,
MOACYR GOMES
NATAL/RN

segunda-feira, 14 de março de 2011

DEÍFILO GRUGEL

Muito bem, Ormuz! E meus parabéns. Abraços.wf
Walter Fontoura
São Paulo SP
Sales, Periscinoto, Guerreiro, Fontoura & Associados.
Tel. + 55 11 3078-1161 Fax. + 55 11 3168-6080
Rua Joaquim Floriano, 820 15º andar.
www.spga.com.br

DEÍFILO GRUGEL

Prezado colega Ormuz- agradeço importante mensagem-
Laelson Rodrigues Viana
João Pessoa-Pb

DEÍFILO GRUGEL

CARO, DR. ORMUZ:


É COM PRAZER, QUE IREI DIVULGAR AMANHÃ, ESTÁ SUA HOMENAGEM AO POETA DÉIFILO GURGEL, NO MEU BLOGUE CULTURAL "NOTÍCIAS DA LUSOFONIA" http://nlusofonia.blogspot.com/


AGUARDO SUA VISITA POR LÁ! E SE PUDER REPASSAR O LINK, FIQUE À VONTADE, AMIGO!


ESPERO QUE GOSTE DA DIAGRAMAÇÃO FEITA NO BLOGUE!


UM CORDIAL ABRAÇO, DO ALÉM-MAR, DESTA CONTERRÂNEA QUE VER OS DIAS PASSAREM EM TERRAS DO FERNANDO PESSOA E GOSTA DE CONTÁ-LOS,


CEICINHA CÂMARA

- De Ceará-Mirim/Rio Grande do Norte/Nordeste Brasileiro.
- Radicada atualmente em Vila do Bispo/Algarve/Portugal.
- Membro da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do Rio Grande do Norte-Brasil.
- Membro da Associação Internacional Poetas del Mundo
http://www.poetasdelmundo.com/verInfo_europa.asp?ID=6981

DEÍFILO GRUGEL

ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG, membro do IHGRN e da UBE-RN)
www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br


PUBLICADO NO PERIÓDICO “O JORNAL DE HOJE” EDIÇÃO DE 04 DE MARÇO DE 2011

DEÍFILO GURGEL, O POETA DE AREIA BRANCA

. . . por isso fazia seu grão de poesia, e achava bonita a palavra escrita, por isso sofria, de melancolia, sonhando o poeta que quem sabe um dia . . . poderia ser.
(O Poeta Aprendiz - Vinícius de Morais)



De todos os e-mail e telefonemas que recebi parabenizando-me pela matéria publicada nesse periódico, intitulada VIAGEM INSÓLITA, um deles me deixou particularmente envaidecido. Por ocasião da publicação da segunda crônica - dividida em quatro partes e publicadas todas as sextas-feiras durante o mês de fevereiro - me encontrava na praia da Pipa, quando o telefone tocou: era o meu amigo escritor, poeta e folclorista Deífilo Gurgel. Tivemos uma longa e agradável conversa.

Ele com sua peculiar gentileza elogiou a iniciativa e disse, entre outras coisas, que vinha acompanhando com muito interesse, todas as etapas da viagem, e ansioso perguntou: “Quando você chega à Areia Branca?” Informei que seria na terceira parte da crônica a ser publicada no dia 18. Disse ainda que quando retornasse a Natal iria lhe fazer uma visita em agradecimento ao seu simpático telefonema e aproveitaria o ensejo, para lhe entregar o diploma de sócio fundador do INRG- Instituto Norte-Riograndense de Genealogia.

Na minha modéstia experiência de vida, poucas pessoas conheci tão apaixonado por sua terra e suas tradições, como o poeta Deífilo Gurgel. Sentado em seu terraço, conversamos por mais de duas horas sem sentir o tempo passar. Foi comovente ver aquele homem falar com tanto amor e entusiasmo do seu torrão. As lembranças fluíam naturalmente. Ele às vezes de olhos fechado, lembrava de coisas do seu tempo de menino. Parecia viver aqueles momentos mágicos, de anos que já vão longe. Ali estava um homem-menino sentado em seu terraço, mas os pensamentos repousavam na distante Areia Branca de sua infância.

Entendi que naquele instante era somente a presença física do homem Deífilo, pois seus pensamentos estavam viajando para muitos anos atrás. Era sua infância de menino irrequieto, que andava pelas ruas de areia da velha cidade, que passarinhava nas redondezas e gostava de ver a “revoada dos maçaricos por entre as várzeas de pirrixiu”. Era o menino que corria por entre as matas de matapasto em brincadeira com outras crianças do lugar. Era o observador atento das “moças debruçadas na janela” e do vai e vem dos barcos que atracavam no cais de sua infância, da sua querida Areia Branca. Fiquei em silêncio observando aquele homem em seus devaneios.

Foi emocionante ver que ali estava uma pessoa realizada em todos os sentidos. Bom filho, bom pai, avô extremoso e amigo fraterno, onde do alto dos seus 85 anos de idade, bem vividos, enquanto muitos se sentem incapacitados e se entregam a uma cadeira de balanço na sala de televisão, o poeta-pesquisador está em plena atividade. Continua pesquisando o nosso folclore e escrevendo poemas maravilhosos. Tudo registrado em livros publicados e os ainda a publicar. Gosta de receber em sua morada os amigos para um papo descontraído e ao final da conversa, o interlocutor sabe que sai daquele encontro, muito mais rico de conhecimento.

O seu ritmo de trabalho é invejável. É de sua natureza produzir o máximo que for possível, pois anseia em deixar uma obra literária, que certamente será bem aproveitada e agradecida pelas futuras gerações. São tantas suas atribuições, que o dia se torna insuficiente para dar conta de todos seus compromissos.

Como havia prometido, passei as suas mãos o diploma de Sócio Fundador do INRG- Instituto Norte Rio-Grandense de Genealogia, fato que muito nos honra e engrandece nossa Instituição. Na ocasião fui por ele presenteado com um de seus livros de poemas, OS BENS AVENTURADOS. No tópico “As cidades submersas”, me encantei com uma declaração de amor a sua terra natal no poema “AREIA BRANCA, MEU AMOR”. Tive o prazer e o privilégio de tê-lo escutado, quando dessa visita, recitado pelo próprio autor. Saí daquele encontro muito feliz, assim como todos os que tiveram o prazer de sentar a sombra de sua varanda, para escutar e aprender um pouco, do muito que o poeta tem a ensinar.
Transcrevo na íntegra a poesia Areia Branca, Meu Amor, para o deleite dos leitores.


A cidade adormecida,
no coração do poeta,
entre pregões matinais,
subitamente, desperta.

Para trás da Serra Vermelha,
nasce a manhã, nas levadas,
na solidão das salinas,
nas águas envenenadas.

Maçaricos alçam vôo,
nas várzeas de pirrixiu.
pescadores solitários,
pescam o silêncio do rio.

Num bosque de matapasto,
atrás de Amaro Besouro,
desabrocha o fumo bom,
em fino cálices de ouro

Calafates calafetam
velhos barcos irreais.
Moinhos movem o vento,
nas tardes do nunca mais.

O sol se pondo na Barra,.
entre mangues e canoas,
põe rebrilhos de vitrilhos,
nas marolas das gamboas.

A noite cai. Cães vadios
ladram na rua, à distância.
Deslizam sombras esquivas,
nas esquinas da lembrança.

Todos os que se mudaram
para o outro lado da vida
e dormem, no cemitério
da cidade adormecida,

vêm a mim, me cumprimentam,
me comovo ao recebê-los,
baila uma fina poeira,
em torno dos seus cabelos.

Converso com Pum-na-guerra,
Fumo-bom e Baranhaca.
Abraço Maria Mole,
Ciço Cabelo de Vaca.

Passo no Canal do Mangue,
vou à Fuzaca, à Favela.
Na rua da frente há moças
debruçadas na janela.

D. Adelina me argúi
na taboada e ABC.
Começa tudo de novo,
Pela estrada do aprender.

Ouço as valsas da Água Doce,
nas tardes de antigamente.
entre Bois e Pastoris,
sou menino novamente.

As ruas se embandeiraram,
Há lanternas pelas portas.
São João acorda, entre o riso
de pessoas que estão mortas.

Os pés do menino vão
nessas ruas do sem-fim.
O tempo não conta mais,
partiu-se, dentro de mim.

Nesse burgo de lembranças,
guardado pela memória,
minha vida se inicia,
recomeça minha história.