sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

ACTAS DIURNAS

Pulicada na Coluna do jornalista Vicente Serejo em O JORNAL DE HOJE, edição de 04/12/2010.

“Prezado Vicente Serejo:

Gostaria de esclarecer informações que foram publicadas na sua coluna do último dia 31de dezembro de 2009, na nota intitulada ESTILO, sobre a "proibição de publicação das Actas Diurnas".
Creio tratar-se de um grande mal entendido. Em e-mail para Ormuz, esclareci os motivos pelos quais a postagem das Actas não poderia ser feita. Reproduze abaixo o texto do e-mail que enviei.


"Prezado Ormuz: .

Acabei de ver no seu blog a notícia de que, a partir de 2010, você estará publicando ao mesmo as ACTAS DIURNAS de autoria do meu avô.
Gostaria de informá-lo que esta publicação no blog NÃO pode ser possível, pelos seguintes motivos:
Já existe o BLOG DO CASCUDO, onde as mesmas Actas Diurnas são publicadas, semanalmente. Nos últimos tempos, passamos por problemas de atualização que estão sendo resolvidos.
Estamos abrindo o INSTITUTO CÂMARA CASCUDO e fazendo um site, onde todo este material será contemplado:
A obra do meu avô possui direitos autorais até o ano de 2057, e qualquer publicação só pode ser feita com autorização expressa dos detentores destes direitos autorais (minha mãe e meu tio).
Desta forma, espero contar com a sua colaboração no sentido do entendimento dos fatos acima expostos.
Qualquer dúvida estou às ordens.
Um grande abraço
Daliana Cascudo".

Portanto, nossa intenção nunca foi uma proibição pura e simples, mas apenas evitar a duplicidade de postagem das Actas Diurnas em mais de um site/blog.
Toda a Família Cascudo procura pautar seus atos pelos valores do nosso patrono e nunca iríamos proibir de forma autoritária uma publicação cascudiana.
Sempre que posso forneço, de forma gratuita, textos de autoria do meu avô para todos os pesquisadores e interessados pela sua obra. Nosso maior objetivo é a sua divulgação pelo Brasil inteiro. Este é o nosso ESTILO!!!
Um feliz 2010 para você e toda a sua família.
PS: Sentimos todos a sua falta na solenidade de abertura do Ludovícus - Instituto Câmara Cascudo, realizada no último dia 30 de dezembro, aniversario do nosso patrono.
Quando quiser nos visitar, será uma honra.

a)Daliana


Resposta

Prezada Daliana,

Já havia recebido de Ormuz Barbalho Simonetti, a íntegra de sua comunicação. Portanto, não houve "um grande mal entendido” por falta de conhecimento de sua carta. Como não desconheço a lei dos direitos autorais. A sua proibição - pode não ter sido sua intenção - está no próprio texto da comunicação que fez a Ormuz, quando afirma: "... esta publicação NÃO pode ser possível". Ora, é a palavra de quem representa um dos dois únicos detentores - legítimos dos direitos autorais da obra de Câmara Cascudo. Tanto que ele lamentou comunicar o cancelamento aos seus leitores, como no meu caso. Como se não bastasse a clareza do veto, sua comunicação reveste o caso de um declarado caráter legal e jurídico, como se fosse uma advertência, embora com a lhaneza que é um traço da sua tradição familiar: a obra do meu avô possui direitos autorais até 2057". Como a transcrição de Ormuz seria do elenco dos dez volumes do Livro das Velhas Figuras, nada impediria sua publicação pelo blog, visto que a família não cobra esses direitos ao Instituto Histórico e ao Sebo Vermelho, editor dos volumes mais recentes. Desde que essa possibilidade fosse considerada possível pela família. E não foi. Daí minha estranheza. A multiplicidade, na blogosfera, e até a atomização da informação, também é argumento que, a meu ver, não se sustenta. É uma conquista desses tempos em que os teóricos da Escola de Frankfurt já previam, ainda nas primeiras décadas do século quando anteviram a grande reprodutibilidade da obra de arte pelos meios de comunicação. Além disso, já estão no universo Web vários textos de Cascudo, e estudos consagrando sua obra que, embora escrita e imortalizada com papel e máquina de escrever, agora transcende o suporte físico. Acho maravilhoso. Mesmo superado nos meus quarenta anos de jornalismo, e como simples leitor de Cascudo, lamento a decisão por entender que fere o estilo que a família tanto defende e preserva.

Estou na Redinha, desde o dia 30. Com os netos. Por isso não fui a solenidade. Depois, jornalista caído de moda não faz falta. É mais uma generosidade sua. A qualquer dia peço tempo e marco uma visita ao Instituto. Para rever com os olhos de hoje o que ontem foi uma descoberta de repórter. Curioso e perguntador.
Com os mesmos votos,

a)Vicente Serejo.