segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

ACTA DIURNA

Caríssimos amigos e leitores. A partir de 2010, estaremos publicando as famosas ACTAS DIURNAS do nosso mestre maior Luiz da Câmara Cascudo. Iniciaremos com Pedro Velho, Tavares de Lira e Felinto Manso Maciel.





QUE QUER DIZER “ÁCTA DIURNA”

Luís da Câmara Cascudo

Perguntaram a mim porque dei semelhante título a esta secção. Que quer dizer ACTA DIURNA?
ACTA DIURNA era uma espécie de jornal diário, uma folha onde os acontecimentos do dia eram fixados pelas autoridades de Roma, para conhecimento do povo. Pregavam-na a uma parede num dos edifícios do FORUM.
No ano 131, antes de Cristo, já existia a ACTA DIURNA, informando ao cidadão romano as "novidades" ou diretivas governamentais.
Júlio Cesar, cinquenta e nove anos antes do nascimento de Cristo, tornou a ACTA DIURNA oficial, de aposição obrigatória num determinado logradouro público.
Conservo o título em latim. Por isso aparece o ACTA com a segunda consoante do alfabeto.
ACTA significa, no latim, ações, obras, feitos, façanhas. DIURNA é o que se pratica sob o sol, no espaço de um dia, ou diariamente.
Suetonio, que bem conheceu a ACTA DIURNA, dizia-a efemérides diárias, o registro dos sucessos mundanos, políticos e administrativos, sociais ou literários.
A minha é uma ACTA DIURNA que recorda o pensamento que presidiu meu dia. Fixo a minha impressão diária, sobre um livro, uma figura ou um episódio, atual ou antigo.
Dei-lhe batismo latino porque a intenção cultural é honrar o passado, nas suas lutas, alegrias, tragédias e curiosidades. E, se matéria nova aparece, comentada, é ainda o desejo de conserva-la no Tempo para os olhos amigos de alguns leitores fieis, nas páginas tradicionais d’ “A REPÚBLICA”, o mais velho dos jornais conterrâneos

Natal, 03 de agosto de 1943

(transcrição ipsilitere do Livro das Velhas Figuras)

Um comentário:

  1. Lúcia Bezerra de Paiva19 de novembro de 2010 às 18:57

    Meu pai, José Joaquim de Oliveira Paiva (1895/1977), manteve correspondência com Luiz da Câmara Cascudo. Seu pai era potiguar, de Vila-Flor. Há dois anos recebi da neta de Cascudo,(a meu pedido), cópias de 3 artigos de "Ata Diurna", sobre Dendê Arcoverde (do Cunhaú). Este, teria mandado assassinar meu bisavô, Vicente Ferreira de Paiva, pai de Antônio Pareira de Brito Paiva, um desafeto político de Dendê Arcoverde.
    Possuo cópia da carta de Câmara Cascudo a meu pai, relatando quem era aquele terrível homem.
    Meus ascendentes moravam no Engeno Tamatanduba, vizinho ao Cunhaú, quando ocorreu o assassinato, em Pedra de Fogo, na Paraiba.

    Estive me Tamatanduba, pisando as terras onde viveram meus ancestrais paternos. Minha bisavó, Ana Joaquina do REVOREDO Castro, que ficou viuva, em 1842, emigrou com enteados e filhos para o Ceará.

    Pena, que a família de Cascudo não permitiu a publicação, aqui, de "Acta Diurna".

    Parabéns pelo excepcional "blog", Sr. Simonetti!

    Forte abraço!
    Lúcia Paiva

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